terça-feira, julho 09, 2013


Mistério


Fina lâmina de vidro
escorre como anjo
asas translúcidas
tocam seu rosto gelo

 ocultas

doce mistério este seu
que abre-se borboleta
para nunca mais
voar verdade


terça-feira, julho 02, 2013

Vamos amor

Vamos amor
Antes que o fio da noite
Termine nosso sonho
E o vôo da loucura
Não nos assista mais

Vamos antes que a razão
Recaia sobre a seda d’agua
E a realidade
Nos acorde
Para acender o sol


2006

COC


Quando estávamos realizando a Bienal do Livro de Ribeirão Preto, uma constante era  ler umas poesias para a moçada nas escolas. Pensei que eles não iam curtir,  participar, mas para nossa surpresa, além de participar, alguns liam poesias que escreviam,foi muito lindo.Esta foto foi no COC.

Livro


segunda-feira, julho 01, 2013

Calmaria

falta mar na alma
onde reina a calmaria
colhe o verso
no vento

e bebe o sonho
na tempestade
que guardas em segredo
e só a ti pertence


2007
Espelho


E agora, olho no espelho

branca

pálida

nua



Na face, o remorso

de não ser

nem ter sido

sua

2002



Sheila Pavanelli

Absolutamente perto de você.

Intimista. Impossível fugir da contaminação que provoca. De uma virulência que vai além da mera provocação. Não há espaços para proposta. Tudo é convocação. Porque todo o arquétipo de sua obra é dialético. Não há zonas cinzentas. Alegria e tristeza, insegurança e certezas, adeuses e olás e tantos outros ... Tão Homem. Tão Mulher. Num elegante cenário de forças diametralmente opostas, qual cabo de guerra, onde as imagens, cores e sentimentos são apresentados e redesenhados à luz da sua verve.

Absolutamente certa do seu tempo.

Direta e densa. Quase televisiva. Tem os pontos e contrapontos de seus versos curtos a velocidade dos meios modernos de comunicação. Não deixa qualquer espaço para a indecisão do leitor. A alucinante forma de dizer o difícil de dizer atrai irresistivelmente quem quer que se aventure por seus poemas. Propõe desafios claros e atuais. Tem, seus poemas, o poder de nos acometer com a sadia coragem de visitar e revisitar questões de nossas histórias pessoais. 

Absolutamente aberta aos riscos.

A Sheila tem, como a água, o dom de despertar a nossa alma para a vida. Tem a magia da Fênix.
Haja ousadia nesta missão quase transcendental. Eu não tenho dúvidas quanto ao sucesso da missão porque  Obra e Autora tem talento mais que suficiente para isto. Confira. 


 José Gonçalves da Luz Neto-escritor e poeta

Chuva Doce


Depois de um longo estio
Ontem choveu
E o orvalho suspirou
Ainda fresco
Sob a relva da manhã

A chuva caiu doce e fina
Igual a uma cantiga de criança
Corri  lá fora
Molhar o coração
Seco e adormecido



2010












A poesia precisa de ter quem a entende e quem a faça;nem sempre os que entendem a fazem e nem sempre os que a fazem a entendem",disse Julio Diniz
.
A mim constitui um prazer inconteste,apresentar ao inteligente e seleto público deste Universo, a talentosa poetisa Sheila Pavanelli de Ribeirão Preto-SP.
Dotada de rara sensibilidade,os seus versos são mensageiros dentre outros,do maior sentimento humano,o Amor.

SHEILA PAVANELLI  entende e sabe fazer poesia,razão porque seus versos falam,encantam e apaixonam os mais exigentes cultores da Arte e do Belo.

Deixo aos leitores constatarem muito mais do que estas pinceladas sôbre a personalidade da retratada. Sheila Pavanelli também é taróloga e astróloga,razão da conotação mística em alguns de seus trabalhos.É um nome que sem dúvida brilhará repentinamente no cenário poético nacional.


Poeta Oefe de Souza,( Othniel Fabelino de Souza),Fundador e ex-presidente da Casa do Poeta e Escritor de Ribeirão Preto e titular da cadeira 15 "Colombina"da Academia de Letras de Ribeirão Preto; Editor do Alternativo Literário "Koisa Linda".

quarta-feira, março 14, 2012


Esta sou eu


Sou eu que carrego nas mãos
um punhado de cinzas
outro de flor de laranjeiras

Eu que fui com o vento
e dancei a nota bemol
daquele sopro de flauta
perdido na música

Fui eu que sonhei
buscar todas estrelas insensatas
viajei até a luz que cai
depois acaba em rodamoinhos

Fui eu que voei
até a voz dos violinos
e disse adeus
a ópera da vida

Assim... sozinha
meu coração se aquieta
e confia!

2010



Poesia

É com coragem
que te prendo
em meus dedos

e te arranco
gota a gota
do coração
feito sangue

é com coragem
que te entrego
a alma sem razão
feito grito

Sheila Pavanelli

sábado, março 03, 2012

Karma



Vida

Abro a janela
e um doce fio de sol
trespassa a cortina
 
brilha no espelho
e desfaz-se em arco-íris
o vento sussurra lá fora

e a vida
tece os dias,
fatalmente

terça-feira, janeiro 31, 2012

Perfídia


bebo a perfídia
na fonte da tua boca
palavra
doce

picada ao som
de um veneno
lento

2006
Maresia


foi entorpecimento
cicuta fina
inoculada
no desejo macho
da maresia

foi feitiçaria
poção marítima
lenta e única,
seiva doce
vinda dos coqueiros


2007

domingo, agosto 10, 2008

sábado, setembro 30, 2006

Vôo



Folhas balançam
contra o vento das horas
vibra vivo o pensamento
até a flor da primavera

Desenho na janela pequenina
o vôo dos pássaros
desafiando séculos
e fios elétricos

As aves brincam livres
em bandos
barulhentos

trespassam o tempo
a melodia do vento
doce e quente

livre a vida passa

na ponta do lápis
te desenho,
vôo

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Mar





se existisse,
de repente
uma onda de mar
que te alcançasse

uma costa de mar
um triste porto
onde atirado fosse
o meu corpo

se soprasse
seu hálito
como vento
no meu coração,

aportaria como a ave
busca o ninho
tocando seus lábios
como a brisa

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Impossível



Guardo todos antigos beijos
que não lhe dei
alma minha amada
de mim separada


Na lembrança
trespasso meus dedos
nas suas mãos queridas
distantes de mim

E num gesto impossivel
afago-lhe a face
transversa no tempo
meus olhos nos seus olhos
assim

terça-feira, julho 19, 2005

Vidraças


Quebrar as vidraças
abrir sua janela
romper a indiferença feito raio
desmanchar as artimanhas
dissolver suas defesas

Incidir em sua mente
como o sol
brilhar
refletir sua verdade
desarmar seus artifícios
desnudá-lo de si mesmo

Sou seu sono inquieto
os tremores ocultos
seu desassossego
que lhe rouba a calma
que lhe diz jamais

Sou a face feita sol na sua alma
Fogo e vento
Que estilhaça seus vitrais

domingo, março 27, 2005

Aço



O dia vem
amargo e doce
derrama sobre a terra
indomável
o fogo eterno

Amanhece como sol e aço

Vem com imensa boca
De fornalha
a transformar lágrimas
em chamas

Calcina o homem qual ferreiro enlouquecido

Vem em estilhaços
derretidos na gente
fora da gente
numa guerra metálica
de luta por um dia

O dia vem e Tudo devora e maltrata

Mata em febre
o pobre que cantava
forja em aço
os sonhos de um menino

O dia cresce
sempre

quinta-feira, março 17, 2005

Sinos




Dobrem,sinos
dobrem
sem cessar


Despertem
Insistam
Afastem esta noite medonha

Gritem
Espantem
A minha agonia

Chamem
Atormentem
Preciso acordar

Soem
Rebentem
Tirem-me desta aflição

Explodam
Em mil pedaços
Minhas correntes!

sábado, março 12, 2005

Fome

Fome

Não como
Estas migalhas
Vindas do acaso
De tuas mãos

Minha fome
Não é submetida
Ao desdém
De tua generosidade

domingo, março 06, 2005


Adeus

Prefiro-te assim:
Estático
Monolítico
Passado
A ler tuas palavras
Perversas
Vertidas de teu granito
Tramando
Atrevidas
No que restou de mim