terça-feira, julho 19, 2005

Vidraças


Quebrar as vidraças
abrir sua janela
romper a indiferença feito raio
desmanchar as artimanhas
dissolver suas defesas

Incidir em sua mente
como o sol
brilhar
refletir sua verdade
desarmar seus artifícios
desnudá-lo de si mesmo

Sou seu sono inquieto
os tremores ocultos
seu desassossego
que lhe rouba a calma
que lhe diz jamais

Sou a face feita sol na sua alma
Fogo e vento
Que estilhaça seus vitrais

domingo, março 27, 2005

Aço



O dia vem
amargo e doce
derrama sobre a terra
indomável
o fogo eterno

Amanhece como sol e aço

Vem com imensa boca
De fornalha
a transformar lágrimas
em chamas

Calcina o homem qual ferreiro enlouquecido

Vem em estilhaços
derretidos na gente
fora da gente
numa guerra metálica
de luta por um dia

O dia vem e Tudo devora e maltrata

Mata em febre
o pobre que cantava
forja em aço
os sonhos de um menino

O dia cresce
sempre

quinta-feira, março 17, 2005

Sinos




Dobrem,sinos
dobrem
sem cessar


Despertem
Insistam
Afastem esta noite medonha

Gritem
Espantem
A minha agonia

Chamem
Atormentem
Preciso acordar

Soem
Rebentem
Tirem-me desta aflição

Explodam
Em mil pedaços
Minhas correntes!

sábado, março 12, 2005

Fome

Fome

Não como
Estas migalhas
Vindas do acaso
De tuas mãos

Minha fome
Não é submetida
Ao desdém
De tua generosidade

domingo, março 06, 2005


Adeus

Prefiro-te assim:
Estático
Monolítico
Passado
A ler tuas palavras
Perversas
Vertidas de teu granito
Tramando
Atrevidas
No que restou de mim